terça-feira, 9 de dezembro de 2025

A Primavera Interior

Há perfumes antigos por entre estes corredores,
Onde as raízes relembram beijos outrora eclipsados;
A sementeira dos sonhos — e eu ainda nos bastidores
De um ciclo eterno, numa primavera dos despertados.

As cicatrizes de outros dias, um dia, também se curarão,
Enquanto pétalas suspensas caem perante o horizonte:
O ventre da terra, rebento vivo, a seiva em pulsação —
Só colheita para o instante, campo e afluentes da Fonte,

Este é apenas outro jardim latente, de frutos ainda por vir;
A palavra fértil para um vento morno de uma manhã,
Ouvindo cânticos pastorais e abraços que venham a advir.

A vida brota desses mananciais, torna-se luz a bruma:
Regressa a aurora, passa este agora para um amanhã
Que é sorriso — é voar alto com o peso de uma pluma.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Retorno ao Infinito

Alguém perdido em astros, memórias e amores antigos,
Tal cometa em regresso, reencontra enfim o seu centro,
O cosmos em ressonância, vestígios de nébulas e amigos,
O viandante estelar na órbita luminosa — clarão do que há lá dentro,

Séculos à deriva, trazendo novos brilhos e velhas cicatrizes,
Ecos desvanecidos das estações idas — eis o retorno ao infinito,
Como faísca em supernova, a constelação revela suas matizes,
Do éter à estrela: vulto, semblante de um apogeu, de um grito,

Este terno crepúsculo é clarão nas têmporas, fotões errantes,
E, dentre um firmamento só nosso, espirais de luz suspensas,
Há rascunhos de eternidade no agora breve — nos instantes,

Trago o coração translúcido e uma fogueira oculta na alma,
Estas memórias serão cinza um dia, e este amor remanescente,
Um beijo cerúleo guardado na neblina cósmica que levo na palma.